
Você provavelmente já viu na televisão ou até mesmo na internet, juízes ou advogados usando perucas brancas e longas, combinadas com togas pretas. Mas você sabe o motivo?
Esse hábito, que pode parecer estranho para quem não está acostumado, tem raízes históricas profundas e simbolismo ligado à autoridade e à imparcialidade no sistema jurídico.
Origem das perucas no sistema judicial
Tudo se iniciou na Inglaterra, durante o século XVII, inspirado pela moda francesa da época. O uso de perucas começou por motivos práticos: durante o século XVI, surtos de doenças como a sífilis causaram queda de cabelo, e a solução para manter uma aparência respeitável era usar perucas.
Contudo, o acessório só se tornou um símbolo de status e poder após o rei Luís XIV da França começar a usá-las para disfarçar a calvície.
Como o uso chegou aos tribunais
Em 1685, Carlos II determinou que juízes e advogados deveriam usar perucas durante as audiências. A medida não tinha apenas um propósito estético:
- Transmitir autoridade – A peruca e a toga davam um ar mais solene às sessões.
- Garantir imparcialidade – O uso padronizado ajudava a destacar a função, não a pessoa, evitando julgamentos baseados na aparência.
- Manter a tradição – A vestimenta reforçava a ideia de continuidade do sistema jurídico.
Na época, as perucas eram feitas de crina de cavalo e podiam custar pequenas fortunas, variando de peças curtas mais acessíveis a modelos longos e caros que chegavam a milhares de dólares. Curiosamente, elas raramente eram lavadas, pois acreditava-se que uma peruca mais escura e gasta transmitia experiência.
Declínio e uso atual
Com o tempo, especialmente a partir do século XVIII, as perucas saíram de moda no dia a dia, mas permaneceram como parte do vestuário formal em tribunais.
No século XXI, apenas alguns países — principalmente a Inglaterra e ex-colônias britânicas — mantêm o costume. Hoje, o uso é mais cerimonial e, em sessões comuns, as perucas são menores e mais práticas, permitindo mais conforto.
O uso de perucas por juízes e advogados vai muito além da estética. Trata-se de um símbolo histórico de respeito, autoridade e imparcialidade, que resiste ao tempo e mantém viva uma tradição secular dos tribunais de Common Law.
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