Sobre o COVID-19: há Cura Emocional? E Agora?

Estamos a mais de três meses vivenciando um período de quarentena em decorrência de um vírus que se tornou famoso e roubou a cena em 2020 o: Corona Vírus. Ele já causou o falecimento de milhares de pessoas por todo o mundo, deixou outros milhares desempregados e vem impactando a saúde emocional de tantas outras pessoas. É aqui que quero me ater, na questão emocional, pois muitas pessoas estão com medo de se infectarem com tal vírus, pessoas estão ficando ansiosas, angustiadas, tendo mudança de humor, sofrendo impactos em casamentos e nas relações entre pais e filhos. Você se reconhece em alguma dessas situações que citei anteriormente ou conhece alguém que esteja sofrendo emocionalmente? É sobre isso que quero refletir hoje e gostaria muito de sua ajuda e companhia. Por favor, peço que não me abandone.

“se o indivíduo percorre um caminho com determinadas ações, reações e pensamentos ele de certa forma construiu e desenvolveu, dia após dia, aquele problema emocional, pois bem; onde a Cura entraria aí?”

Conversava com um amigo essa semana sobre esses aspectos emocionais: angústia, depressão, ansiedade, síndrome do pânico, crises de ausências e ele me perguntou: “- Thiago, será que tais transtornos emocionais que vêm aparecendo devido ao COVID-19 têm Cura?”. Eu achei intrigante essa dúvida, me fez pensar no conceito e significado da palavra Cura, recorri ao dicionário e a maioria deles sinalizava para o seguinte significado: “recobramento/ restabelecimento da saúde…”. Até aí tudo bem quando pensamos em problemas físicos, tal como uma gripe ou sinusite enfim, mas e quando o foco está no emocional?! Quero problematizar sobre isso e peço que me acompanhe: se o indivíduo percorre um caminho com determinadas ações, reações e pensamentos ele de certa forma construiu e desenvolveu, dia após dia, aquele problema emocional, pois bem; onde a Cura entraria aí? Seria num passe de mágica? Provavelmente esta forma seria a mais conveniente. Ou seria única e exclusivamente por meio de remédios psiquiátricos?  Outra forma (essa mais laboriosa) seria mudar o caminho percorrido, ou seja, dia após dia, mudar hábitos, crenças, valores, prioridades, ações e reações para assim chegar a outro resultado, a outro estado, ou seja; chegar a tão desejada cura (com a ajuda de fármacos se tais forem recomendados por médicos especialistas na área). Faz sentido o que acabei de lhe expor? 

Se a pessoa irá ficar ‘refém’ de remédios a vida inteira ou não, disso eu não sei; o que me parece plausível é que a Cura vai muito além da espera passiva, ficando de braços cruzados ou deitado na cama esperando que algum remédio ‘tarja preta’ funcione. Recordo-me de um padre que ao ser diagnosticado com um câncer já em faze terminal respondeu quando lhe perguntaram se ele pedia a Deus que fosse curado: “- Não, eu não peço a cura, só peço que Ele me ensine a viver esse momento de dor!”. Me reconheci nessa frase, pois parece-me mais responsável pedir tal sabedoria para aprender com o sofrimento, a dor, a angústia, a síndrome do pânico, a depressão, a crise de ausência, a ansiedade e tantos outros transtornos emocionais que vêm abalando a sociedade desde antes do COVID-19, mas em especial agora que ele surgiu e está em evidência causando grande impacto social.

“Há momentos na vida que não temos para onde ir senão para dentro de nós mesmos, que não temos a quem recorrer senão a nós mesmos.”

A ciência está trabalhando no desenvolvimento de medicamentos para a cura química do vírus, focando em anticorpos e afins, mas e a cura emocional? Ela realmente existe? Ou seria mais prudente que pensássemos nela como um ato pessoal de controle contínuo? Para me direcionar ao término desta reflexão me recordo de um poema famoso do autor Carlos Drummond de Andrade chamado ‘E agora José?’:

“José e agora? A festa acabou; a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? E agora, você?”

Ao utilizar a palavra ‘Você’, Drummond quis nos colocar no lugar de José, e agora você, querido leitor, querida leitora, o que Você pensa em fazer? Como pensa em reagir mediante à ameaça do COVID-19, mediante aos transtornos emocionais? Mediante a crise, ao desemprego, ao falecimento de um ente querido? Essa é uma resposta que eu não tenho. Há momentos na vida que não temos para onde ir senão para dentro de nós mesmos, que não temos a quem recorrer senão a nós mesmos. Obrigado pela companhia, grande abraço!

Por: Thiago Pontes

Imagem de destaque: Tamas Tuzes-Katai de Unsplash

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Thiago Pontes é Filósofo e Neurolinguista (PNL), autor de quatro livros, considera-se um provocador atuando por meio de textos que por vezes incomodam o leitor, levando-o a refletir sobre os mais diversos assuntos que fazem parte do seu cotidiano. Longe de ser um “guru” com respostas prontas; Thiago idolatra a dúvida, segundo ele: “- São elas que nos fazem ir ao encontro de respostas e obter novos e melhores resultados”.