Aprisionar Deus dentro de crenças fechadas é ignorar Sua onipresença

A religião vem para nos ajudar nesse despertar divino. Para que a humanidade siga pelo melhor caminho e tenha fé na crença sobre o misterioso céu ainda desconhecido por todos que habitam a Terra. Há duas interpretações etiológicas da palavra religião. A primeira que vem desde a antiguidade e, originada do latim, significa Relegere, cujo significado é, reler, revisitar, retomar o que estava largado. Pode ser interpretada como a retomada de uma dimensão espiritual da qual a vida terrena tende a afastar os homens.

A outra interpretação remete à palavra também originada do latim, religare, que significa religar, atar, apertar, ligar bem. Consiste na ideia de que caberia à religião atar os laços que unem a humanidade ao divino. Um meio de nos (re)conectar a Deus.

“Em um mundo tomado por instintos destrutivos, há de haver alguma entidade que incite todo bem dentro da gente, herança de um criador benevolente e justo, para que encontremos um caminho até a paz.”

Tanto em uma versão quanto na outra, fica claro o papel da religião de nos levar até Deus. Em um mundo tomado por instintos destrutivos, há de haver alguma entidade que incite todo bem dentro da gente, herança de um criador benevolente e justo, para que encontremos um caminho até a paz. Entretanto, nenhuma crença é a ordem suprema de Deus, pois Ele é onipotente e não necessita da religião. Nós que precisamos dela para não entrar em um desequilíbrio eterno e levar o mundo a um estado generalizado de egoísmos, desafetos e violência.

Assim, a religião tem papel fundamental na vida espiritual de todos nós, principalmente para aqueles que por algum motivo se perderam do caminho do bem. Por isso, mesmo que as crenças sejam distorcidas ou ilusórias, se elas equilibram, verdadeiramente, alguém de volta a seu prumo, está trabalhando por Deus e pela humanidade. Existe um número incontável de pessoas necessitadas que já foram ajudadas por todas as religiões, fora aquelas que elevaram seu padrão espiritual com muito oração e fé. Ou seja, sem as religiões, o mundo certamente seria um caos total e estaria dominado por todo tipo de mal. A luta pela ideia de viver pelo amor, que é o cerne da maioria das crenças, é fundamental para a continuidade das civilizações.

Por outro lado, é exatamente pelas ilusões de algumas crenças que existem tantos conflitos. Se as religiões fossem criações genuinamente de Deus, de nenhuma delas brotaria ódio ou resultaria no preconceito e arrogância de achar-se a realidade do mundo. A verdade de Deus está em uma semente que germina na terra e dá o fruto que nos alimenta. Ela está na sucessão de dias e noites. No girar do Planeta. No passar do tempo. No gerar de uma nova vida. A natureza nos diz muito mais sobre Deus do que qualquer palavra humana.

A existência é o argumento mais forte para explicar essa força criadora que, hoje, nós reconhecemos como Deus.

Por isso, aprisionar Deus dentro de crenças fechadas é ignorar toda a Sua onipresença, pois o templo Dele é o nosso coração, Sua morada é nossa alma. Todos têm a partícula divina dentro de si e até mesmo a ciência caminha para comprovar isso, uma vez que, segundo estudos a alma é feita do mesmo material desse vasto universo que pertence à onisciência do Criador. Portanto, o espírito é a matéria-prima de Deus em sua infinita criação. E, sendo assim, somos, cada um de nós, nosso próprio universo, nosso próprio templo e nossa própria espiritualidade.

Por isso, quando procuramos uma religião, estamos, de fato, tentando nos reconectar àquilo que, afinal, já existe dentro da gente desde o primeiro momento de nossa concepção e consiste na essência de toda a existência do universo: a paz de Deus.

Por: Luciano CazzInspirando Luz

Imagem de capa: Arisa Chattasa de Unsplash





Ator e escritor. Autor do livro "A tempestade depois do arco-íris"e do blog Inspirando Luz.