
O que parecia ser apenas um toque de beleza pode esconder um risco invisível: uma substância altamente tóxica. Estudos cada vez mais apontam que algumas marcas de batom possuem cádmio em sua composição, um metal pesado conhecido por seus efeitos tóxicos no organismo.
Mas o que realmente a ciência diz sobre isso, como tal contaminação acontece e, mais importante, o que você pode fazer para se proteger?
O que o estudo revela
Recentemente, a revisão “Cadmium Toxicity and Health Effects A Brief Summary” investigou os efeitos do cádmio no corpo humano. Foi constatado que o metal possui meia-vida biológica extremamente longa — entre 16 e 30 anos — o que significa que, uma vez absorvido, o organismo demora a se livrar dele.
Além disso, esse metal acumula‐se em ossos, rins e fígado, podendo gerar sérios problemas, como lesão renal, osteoporose e até câncer.
Outro estudo, mais diretamente relacionado aos cosméticos, demonstrou que batons vendidos em Gana continham concentrações de cádmio acima dos limites aceitos para uso humano — especialmente preocupantes quando se considera o contato diário com os lábios e eventual ingestão.
Já em pesquisas anteriores, como a da University of California, Berkeley (UC Berkeley), foram detectados metais tóxicos em batons populares: chumbo, cromo, alumínio e, sim, cádmio.
Mesmo que essa análise não tenha focado exclusivamente no cádmio, ela chama atenção para o fato de que cosméticos aparentemente inofensivos podem conter substâncias preocupantes.
Por que o cádmio pode estar nos batons?
O cádmio é usado em alguns produtos como pigmento de cor — especialmente em tons vibrantes de amarelo ou laranja — e pode ainda contaminar matérias-primas durante a produção.
Mesmo que o rótulo não mencione diretamente, traços dele podem se encontrar em formulações ou serem introduzidos por contaminação cruzada.
Como os batons têm alto grau de contato com a pele, e frequentemente são ingeridos (mesmo que acidentalmente), essa via de exposição pode causar acumulação a longo prazo. A absorção oral ou cutânea de metais pesados, mesmo em pequenas quantidades, pode somar ao longo dos anos.
Quais os riscos para a saúde?
A exposição continuada ao cádmio, ainda que em níveis baixos, está associada a:
• Danos renais irreversíveis: o rim sofre ao longo do tempo ao tentar eliminar o metal.
• Problemas ósseos: o cádmio interfere no metabolismo da vitamina D, tornando os ossos mais frágeis e propensos a fraturas.
• Doenças respiratórias e câncer: embora o batom não seja necessariamente inalado como pó, os estudos ligam o cádmio à incidência de câncer de pulmão, próstata e outros.
• Problemas hormonais, cardiovasculares e neurológicos: a literatura aponta para uma série de efeitos sistêmicos da exposição crônica.
É importante salientar que a aparência de segurança — “uso cosmético diário” — não anula o fato de que essas substâncias podem se acumular silenciosamente, sem sintomas imediatos.
O que fazer para se proteger?
• Escolha marcas confiáveis: prefira aquelas que divulgam testes laboratoriais independentes ou certificações de segurança de metais pesados.
• Evite reaplicações excessivas: menos camadas e menos reaplicações significam menor ingestão ou absorção acidental.
• Verifique os rótulos: embora o cádmio raramente apareça explicitamente, atenção a termos como “pigmento de cor metálico” ou “tons vibrantes de laranja/amarelo”.
• Dê preferência a produtos “clean beauty” ou livres de metais pesados — mas sempre com base em evidências da marca.
• Mantenha um olhar crítico: só porque é “cosmético” não quer dizer imune a contaminação; pesquisas como a de Gana mostram que mesmo produtos comerciais populares podem ultrapassar limites.
A busca pela cor ideal nos lábios pode estar mascarando um risco invisível: o acúmulo de cádmio no corpo, com efeitos potencialmente graves a longo prazo. A ciência já documentou que este metal não apenas entra no organismo, mas permanece por décadas.
Ainda que a maioria dos batons não provoque efeitos imediatos, o conceito de “beleza saudável” exige mais do que aparência — exige consciência e informação. Antes de aplicar aquele tom vibrante – de marca duvidosa – , reflita antes: vale o risco?
Imagem de Capa: Canva

