Aparelho criado por brasileira acelera cicatrização de ‘pé diabético’ e evita amputações: “Tecnologia capaz de transformar vidas.”

As úlceras do pé diabético — feridas crônicas nos pés que ocorrem como complicação do Diabetes mellitus e que são de difícil cicatrização — são um dos problemas mais graves na saúde pública brasileira.

Estima se que o país registre cerca de 50 mil amputações por ano relacionadas a essas complicações. O tratamento convencional para o “pé diabético” nem sempre surte efeito eficiente, o que torna urgente o desenvolvimento de tecnologias mais acessíveis e eficazes.

A inovação brasileira

Coordenado pela professora Suélia Rodrigues Fleury Rosa, do Curso de Engenharia Eletrônica/Engenharia Biomédica da Universidade de Brasília (UnB), o projeto Rapha propõe uma solução inovadora para tratar essas feridas.

A tecnologia combina dois elementos principais:

• Uma lâmina de látex natural (extrato da seringueira Hevea brasiliensis) que possui propriedades de estimulação tecidual.

• Um emissor de luz LED, que realiza fototerapia de baixo custo para acelerar a regeneração e fechamento das feridas.

Na prática, o paciente ou cuidador higieniza a lesão, aplica a lâmina de látex sobre a ferida, posiciona o emissor de luz por aproximadamente 30 minutos, e o curativo permanece no local — o que permite parte do tratamento domiciliar, reduzindo a necessidade de hospitalizações frequentes.

A fabricação ficará a cargo da Life Care Medical, empresa parceira do projeto, que já obteve certificação do Inmetro e está em fase final de registro junto à Anvisa para comercialização.

O projeto nasceu da tese de doutorado de Suélia, iniciada em 2005, a partir de pesquisas com biomateriais para regeneração de tecidos. “Descobrimos que o látex tem propriedades que estimulam a regeneração tecidual”, explica.

Em 2009, o projeto ganhou o nome Rapha, em referência a São Rafael, o anjo da cura — um símbolo da proposta de regeneração e proteção

Acessibilidade e impacto social

Um dos grandes diferenciais do Rapha está em sua proposta de fácil uso e baixo custo — justamente para democratizar o acesso à tecnologia no país. A professora Suélia explica que o equipamento foi pensado para ser usado por pacientes em casa ou em unidade básica de saúde, estimulando a autonomia no tratamento.

Além disso, o projeto valoriza a cadeia produtiva nacional: componentes eletrônicos fabricados no Brasil, lâmina de látex extraída da seringueira brasileira, o que também contribui para a agricultura familiar e economia local.

Se o dispositivo for incorporado no sistema público, o impacto pode ser significativo: menos amputações, redução de complicações, menor custo para o sistema de saúde e melhor qualidade de vida para pacientes diabéticos com úlceras nos pés.

Como a professora Suélia destaca: “A úlcera do pé diabético é a principal causa de amputação nessa população, e os tratamentos disponíveis são caros e pouco eficazes. O Rapha chega para democratizar o acesso a uma tecnologia capaz de transformar vidas.”

Imagem de Capa: Divulgação/Projeto Rapha





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