Orar, vigiar e gostar! Se consideramos o “vigiar e orar” chato e sem graça talvez seja porque ainda não tenhamos descoberto seu verdadeiro sentido. Primeiro que fique claro que a “tentação” a que me refiro do “vigiai e orai para não cair em tentação” está relacionado a qualquer ato que pode prejudicar a nós mesmos e aos outros, como a maledicência, a fofoca, as intrigas, a falta de respeito etc.
Mas por que orar e vigiar pode ser emocionante ao ponto de gostarmos de praticar? Porque vigiar-se para dispersar os maus pensamentos, equilibrando os sentimentos é muito mais desafiador e instigante do que sair por aí pensando e falando mal dos outros.
Porque orar e agradecer requer muito mais coragem e dedicação a nós mesmos através da energia boa e desafiadora da mudança de hábitos do que o fácil, comum e covarde hábito de reclamar de tudo e de todos, a todo momento.
A estrada larga é fácil por ser tão comum e conhecida.
A estrada estreita, que é especial por ser pouco comum e trilhada, somente pelas pessoas ousadas que não partilham do medo de errar, pois sabem que estão em constante crescimento no processo de aprendizagem e lapidação do próprio ser.
E tem gente que ainda não descobriu o quanto é gostoso aprender coisas novas, que possam engrandecer a alma no processo de se autoconhecer!
Tem gente que ainda não descobriu o quanto é prazeroso conseguir não revidar uma ofensa e sentir compaixão por aquele que precisa chamar atenção para o ego competitivo, para ter a falsa sensação de preenchimento do próprio vazio existencial.
Nossas lacunas não devem ser preenchidas com provocações e competições que causam a impressão fantasiosa de bem-estar. Para saber que esse tipo de prazer não é real, basta ver que ele não dura muito tempo. É como um vício que é alimentado “roubando” a energia dos outros para que o ego possa se sentir melhor por estar sempre certo, às custas de acreditar na fantasia de ser superior.
Esse comportamento é tão comum e primitivo que perdeu a graça. É quase surreal ver pessoas se divertindo às custas das agressões psicológicas contra quem pensa diferente delas.
Diversão de verdade vem de um ambiente de pessoas simpáticas, empáticas e que respeitam opiniões alheias, porque descobriram que os seres humanos não são iguais e que existem milhares de pontos de vistas diferentes, assim como milhares de religiões diferentes, embora todas tenham a mesma essência.
Vigiar a si mesmo (para ser mais positivo e resiliente) e orar (agradecer por tudo o que tem) é muito desafiador.
E exatamente por isso que é empolgante! Chegar ao final do dia e recapitular o que conseguimos fazer de bom (mesmo que seja algo bem pequeno), reconhecer o que fizemos de ruim e agradecer ao universo por algum acontecimento, são como os últimos minutos de um jogo do qual sairemos vencedores.
Porém, nesse jogo não precisamos ser melhores do que os outros e sim melhores do que nós mesmos a cada dia! Quando todos tomarem consciência de que a graça da vida está em sermos melhores do que nós mesmos ao invés de sermos melhores do que os outros, viver se tornará muito mais leve, harmônico e alegre!
Seja sincero consigo mesmo!
Não é muito, mas é gratificante receber um elogio de “nossa, como você é gentil e bondoso”, do que “nossa, como você é perverso e egoísta”!
Então, por que alimentar o egoísmo, ao invés de alimentar a empatia, sabendo que o segundo causa uma felicidade? Chega de achar que o vilão sedutor e malvado tem mais graça do que o mocinho honesto. Esta é uma das manipulações perversas que nos fizeram acreditar. Mas a consciência está aí para nos libertar das fantasias. Apenas o autoconhecimento salva, por isso a importância do “conhece a ti mesmo”.
É tão gratificante conseguir controlar nossos próprios impulsos, até então inconscientes, que nos sentimos mais poderosos com relação a nós mesmos.
Afinal, se conseguimos controlar nossa própria natureza e modificar algum comportamento vicioso, nós podemos tudo!
Por: Priscila Mattos
Via: O Segredo