Quero-te sem te querer, meu amor…

Quero-te sem te querer, não poderia eu apenas dizer que te quero ou que já nem te quero? Tinha mesmo de dizer que quero-te sem te querer? Contradição de mais para uma frase tão curta. Quero-te sem te querer, porque todos os dias ainda te espero nesta cama de casal, mesmo que diga aos meus amigos que já não te quero mais, ingénuos, acreditam mesmo que deixei de te querer.

Quero-te sem te querer, naquelas madrugadas de inverno em que não durmo porque o frio é horrível, e o meu corpo pede pelo teu, para que numa troca de amor se arrepie e se aqueça com a tua presença.

O amor é quente sabias?

Ou porque razão achas tu que as pessoas gostam tanto de abraços? Porque é dentro de um abraço que aquecemos a alma. Porque razão achas tu que as pessoas gostam de beijos? Porque é no encontro dos lábios que se incendeiam os desejos.

Quero-te sem te querer. Quero-te porque te amo, tão simples assim, mesmo que me tenhas destruído a alma e por tua culpa eu tenho partido aquele jogo de louça de cristal que a tua mãe nos deu quando casamos.

Não te quero porque foste embora sem uma explicação. Mas se voltares, ainda me encontras à tua espera. Com o cabelo preso num coque, as lentes dos óculos embaciadas pelas lágrimas, a roupa amassada, a casa por arrumar, o para-choques do carro partido.

Não esperes encontrar em bom estado nada do que deixaste para trás, e isso também me inclui.

As únicas coisas que não posso destruir e que carrego com cuidado são as nossas memórias felizes, e com memórias felizes, quero dizer mesmo literalmente, as memórias, porque até o nosso álbum de casamento pelo qual pagamos uns 1200 euros, está rasgado.

Mas eu estou aqui. Quero-te sem te querer. Espero-te sem que ninguém saiba, meu amor.

Por: Letícia Brito





Relaxa, dá largas à tua imaginação, identifica-te!