A Geração Z, composta por jovens nascidos entre o final da década de 1990 e o início dos anos 2000, está ganhando destaque no mercado de trabalho. Contudo, muitos desses jovens estão deixando seus empregos por motivos que vão além da busca por melhores salários ou flexibilidade.
O motivo? A insegurança e o medo de não estarem à altura das exigências profissionais.
De acordo com a especialista de recrutamento, Roxanne Calder, a Geração Z enfrenta uma crise de confiança no ambiente profissional. Calder afirmou que muitos jovens abandonam seus empregos não porque querem, mas porque sentem que não são capazes de atender às expectativas.
Esse comportamento está se tornando cada vez mais comum, especialmente entre as mulheres jovens, que parecem ter mais dificuldade em confiar em suas próprias habilidades.
Dessa forma, levando muitos a desistirem de suas funções antes de sequer tentarem superar os desafios. “Quando você entra no mercado de trabalho, precisa estar disposto a aprender e aceitar que cometer erros faz parte do processo. Isso não significa fracasso”, explica Calder.
A tendência de falta de confiança entre as mulheres é um fator significativo que contribui para essa situação. A síndrome do impostor, uma condição em que a pessoa sente que não merece seu sucesso ou que é uma “fraude”, afeta uma grande parte das mulheres no trabalho.
Contudo, esse fenômeno parece ser menos prevalente entre os homens. Eles tendem a improvisar e assumir mais riscos, enquanto as mulheres são mais propensas a acreditar que precisam dominar completamente uma função antes de executá-la.
Calder observa que, muitas vezes, os jovens trabalhadores também têm a expectativa de que qualquer nova responsabilidade signifique um aumento salarial imediato. Assim, prejudicando seu progresso profissional.
“Muitos perguntam aos empregadores: ‘Quanto vocês vão me pagar?’, quando estão sendo treinados para novas funções”, explica Calder.
Um exemplo real
A história de Anna Fountain, uma jovem de 23 anos, é um exemplo claro dessa crise de confiança entre os trabalhadores da Geração Z.
Trabalhando há três anos com mídias sociais, Anna nunca se sentiu totalmente segura em seu papel. Desse modo, ela ficava constantemente preocupada em ser substituída.
Por isso, ela enfrentou dificuldades em lidar com as expectativas de seus empregadores, que esperavam que ela desempenhasse diversas funções, como designer gráfico, redatora e fotógrafa, sem ter o treinamento adequado para isso.
“Com 20-23 anos, infelizmente, eu não possuía todas essas habilidades. Ainda assim, fui cobrada durante todo o meu emprego”, disse Fountain.
Apesar de seu compromisso e esforço, ela sentia que suas contribuições não eram reconhecidas, o que só aumentava sua insegurança.
A jovem também relatou que a pressão constante e o estigma de que gerenciar mídias sociais é um trabalho “fácil” fizeram com que sua inteligência e importância no cargo fossem subestimadas.
Dessa maneira, a levou a questionar sua trajetória profissional e a buscar algo mais significativo. Em um momento de reflexão, Fountain se perguntou: “Estou fazendo alguma mudança positiva neste mundo?”. A resposta foi um claro “não”.
Ela decidiu sair de sua função bem remunerada em mídias sociais para buscar algo que realmente lhe traga satisfação. Agora, ela trabalha em tempo parcial enquanto volta à universidade para estudar direito.
Apesar de ter enfrentado rejeições e demissões, Anna vê essas experiências como oportunidades de crescimento. “Olho para trás e vejo as demissões como algo libertador e fortalecedor. Estou mais forte do que nunca e sei o meu valor”, afirma ela.
Imagem de Capa: Canva