
Na Igreja Católica, o sigilo da confissão é um dos pilares mais rígidos e também um dos mais incompreendidos.
Muitos se questionam o que realmente acontece se alguém admitir um crime durante o sacramento.
Recentemente, nas redes sociais, um padre católico finalmente esclarece como funciona esse processo na prática e por que, mesmo em casos de crimes graves, o sacerdote não pode revelar nada do que foi dito.
O segredo da confissão é absoluto?
De acordo com o direito canônico, sim. Tudo o que é dito dentro do confessionário está protegido pelo chamado segredo de confissão, ou sigilo sacramental. Portanto, o padre não pode repetir, comentar, insinuar ou usar aquele conteúdo fora do momento da confissão.
Nem mesmo se o crime for extremamente grave.
Então, se um sacerdote quebrar esse sigilo, ele sofre automaticamente a penalidade mais severa da Igreja: a excomunhão.
Contudo, há uma grande diferença entre confissão e uma conversa. Confissão é dito em confessionário, não em uma conversa informal ou aconselhamento
Por isso, se alguém comenta um crime durante um aconselhamento ou conversa fora do contexto do sacramento, o padre pode sim ter o dever moral (e em alguns casos legal) de alertar as autoridades, especialmente se houver risco para outras pessoas.
Mas se a confissão acontecer oficialmente no sacramento, o padre fica impedido de fazer qualquer denúncia.
O que o padre pode fazer, então?
Mesmo sem poder denunciar, o sacerdote não fica totalmente passivo. Ele pode:
- Orientar a pessoa a se entregar voluntariamente à polícia.
- Pedir que a pessoa tome medidas para reparar o mal causado.
- Negar a absolvição, caso perceba que não existe verdadeiro arrependimento.
Mas ele nunca pode usar aquela informação fora do confessionário, nem mesmo de forma indireta.
Ele pode tratar a pessoa de forma diferente depois?
Outro ponto rígido é que o padre não pode mudar seu comportamento em relação ao fiel após a confissão. Ele deve agir como se não soubesse de nada, mesmo que a revelação tenha sido chocante.
Por que esse sigilo existe?
A Igreja acredita que o confessionário deve ser um espaço totalmente seguro. Se o fiel temesse ser denunciado, ele jamais buscaria o arrependimento ou a reconciliação. O objetivo do sacramento, segundo a tradição católica, é espiritual e não judicial.
Imagem de Capa: Canva

