Necessidade de aprovação: como lidar com o julgamento e o medo da rejeição

Saiba de onde vêm essa necessidade de aprovação e esses medos tão comuns a quase todos nós. Entenda como eles podem afetar suas relações, sua produtividade, a conquista dos seus sonhos, e veja 5 dicas de como lidar com esses sentimentos negativos para que eles não atrapalhem a sua vida.

Todo ser humano deseja e gosta de se sentir aceito, querido, amado e reconhecido. Nós somos seres sociais e, dessa forma, nada mais natural que esse desejo de nos sentirmos pertencentes a algo. Mas quando esse mesmo desejo se torna uma necessidade ou uma condição para nossa autoaceitação, isso pode minar não só nossa autoestima, mas também nossa capacidade de realização.

Há uma linha tênue entre a vontade de se sentir pertencente e aceito, e a necessidade de aprovação externa. Quando dependemos da aprovação do outro para tomarmos decisões, para ir atrás dos nossos objetivos e, principalmente, para validar aquilo que somos, temos e fazemos, estamos colocando o nosso poder pessoal no mundo externo. Quando na verdade ele deveria vir de dentro!

O medo constante de ser julgado, e do que as pessoas irão pensar ou dizer é um dos maiores vilões que nos paralisam. A ele também estão associados diversos outros medos – que se originam de diversas situações e interpretações que fizemos dos fatos ao longo de nossas vidas. Entre eles:

  • o medo da rejeição
  • o medo de não ser bom ou capaz o suficiente
  • o medo de validar nossas inseguranças
  • medo de expressarmos nossas verdades
  • medo de não agradar e/ou decepcionar

E todos esses medos são, muitas vezes, os grandes responsáveis pela procrastinação, o perfeccionismo, a autocrítica exagerada. E, consequentemente, vivem nos afastando dos nossos sonhos e objetivos…

… e causando bastante dor e sofrimento.

Mas, de onde vem esses medos e necessidade de aprovação?

Sabe aquela vez que você fez algo errado e, seus pais te deram uma bronca pesada por não fazer direito? Ou que você foi meio “pestinha” mas só queria se divertir e te repreenderam falando que você tinha que ser “bonzinho/boazinha”?

A maior parte dos nossos medos, inseguranças e necessidades estão guardados na nossa mente inconsciente. Eles geralmente foram gerados durante a nossa infância ou em situações em que passamos por um forte impacto emocional. Ou seja, todas as situações durante a nossa vida que geraram um sofrimento (mesmo que na interpretação infantil da nossa criança interior) vão fortalecendo esses “circuitos” de medos. E eles ficam registrados – e escondidos – nas nossas memórias inconscientes, só esperando para serem reativados.

Dependendo do impacto emocional que essas experiências te causaram ou do seu entendimento de mundo na época – você pode ter assimilado essas broncas e experiências de diferentes formas. Um aprendizado que muitos de nós temos é de que precisamos ser “‘bonzinhos” para sermos aceitos e amados. Que precisamos ter tal tipo de comportamento para sermos aprovados por nossos pais. Que só quando somos úteis, nós recebemos atenção. Naturalmente, as nossas experiências vão se tornando aprendizados de como a vida “funciona” na nossa visão.

E vamos carregando esses aprendizados em forma de crenças por toda a nossa vida. Mas o problema é que, a cada situação minimamente parecida e que nos lembrem esses conceitos (equivocados) formados, esse medo volta. E a gente vive projetando situações do passado nos nossos dias atuais – fortalecendo o medo, se não criamos recursos para quebrá-lo.

E os sentimentos ficam registrados no nosso inconsciente…

Aí, toda vez que o crush não liga. Toda vez que você vende seu produto e não tem uma super aderência, e n outros exemplos; você reativa aquele sentimento de rejeição, de medo de não ser aprovado e, pronto, aquilo te paralisa e te machuca como se fosse a sua criança.

Mas é bom ressaltar mais uma vez! A maior parte dessas reações, emoções e comportamentos é uma resposta inconsciente; que muitas vezes nem nos damos conta de que estão acontecendo.

Apenas sentimos a dor, a injustiça, o medo, a rejeição. De novo, e de novo, e de novo.

Então, se não tomarmos consciência tudo vira uma bola de neve

Ninguém gosta de sentir esses medos, e essas necessidades. E, às vezes, também não é fácil assumir tudo isso. Sim, nós queremos ser reconhecidos – e dói quando não somos.

Além disso, para agravar a situação, hoje vivemos em um mundo digital cheio de informações, de pessoas postando suas vidas “maravilhosas” nas redes sociais. Nossa vida tem virado cada vez mais uma vitrine e a aprovação vem dos likes e comentários que temos que renovar a cada dia.

Agravamos essa necessidade de pertencimento e de aprovação a todo custo pois, inevitavelmente, uma hora ou outra nos comparamos uns com os outros.

E o grande erro, é que sempre será uma comparação injusta – o palco dos outros contra o nosso backstage! Ninguém tem defeitos ou dores. Ser quem somos (inclusive com nossas vulnerabilidades) não é tão legal assim, temos que ser diferentes para sermos amados.

Isso detona nosso poder pessoal e agride a nossa autoestima. E, dessa forma, buscamos ainda mais aprovação, entrando em um ciclo negativo que se alimenta dia após dia.

Mas o perigo é que quando não tomamos consciência desses padrões e das nossas reais necessidades, isso vira essa bola de neve que pode se tornar difícil de sair. Transferimos todo o nosso poder para as mãos dos outros. Precisamos de constantes validações do nosso valor diante do mundo – quando, na verdade, essa validação começa internamente, dentro da gente.

Aí sofremos com essas ilusões. Sofremos por não termos a vida ideal. Sofremos porque “deveríamos” ser de tal ou tal jeito para sermos aceitos, queridos, pertencentes e amados.

Como a necessidade de aprovação pode estar bloqueando sua vida

Quando se torna uma necessidade, essa busca (interminável) pela aprovação e todos esses medos da rejeição, de não agradar ou ser bom o suficiente, podem estar bloqueando diversas áreas da sua vida.

1. Queda de performance

Ao ter uma necessidade a aprovação externa constante, você procrastina com medo do que vão achar ou medo de não atingir as expectativas dos outros. Além disso, gera sentimentos de estresse, ansiedade, mais medo e ainda alimenta preocupações que te impedem de agir e colocar o que precisa ser feito em prática.

O perfeccionismo e a evitação são grandes bloqueadores de produtividade gerados pela necessidade de aprovação.

2. Estresse e performance exagerada

No outro extremo, ao precisar da aprovação dos outros, muita gente acaba depositando toda a sua energia em uma área de sua vida. Ela até gera alta performance, mas a troco de um desequilíbrio em outras áreas da vida, deixando de lado coisas e pessoas que são importantes para sua felicidade.

3. Vida sem propósito ou sentido

Ao colocarmos o nosso poder de decisão nas mãos dos outros, podemos estar abdicando daquilo que é importante para nós – e que, não necessariamente, é importante pro outro. Deixamos que o outro tome as rédeas de nossas vidas, ditem o que devemos conquistar e onde devemos chegar.

O grande problema é que só nós podemos saber o que queremos e o que nos faz verdadeiramente felizes (e isso é um processo).

4. Queda na autoestima e valor próprio

A sua noção de autovalor influencia muito no que você se sente capaz e merecedor de conquistar.

Quanto menos você reconhecer o seu valor, mais vai buscar essa validação externa e viver no medo da rejeição. E quanto mais depende do outro para provar o seu valor, mais vulnerável e frágil fica. E dessa forma, mais baixa sua autoestima e menores são as chances de se ter grandes conquistas sustentáveis.

A necessidade de aceitação pode te estar limitando de diversas maneiras – essas são apenas algumas mais comuns. Fique alerta!

Uma vez que você toma consciência disso, grandes são as chances de ficar mais atento a esses padrões. E, assim, você vai retomando o seu poder de ação para uma direção diferente – e mais positiva.

Portanto, veja algumas dicas para te ajudar a lidar com esses sentimentos que todos nós experimentamos dia ou outro.

Como aliviar e se livrar dessa necessidade de aceitação e medo do julgamento

Mesmo que a gente saiba disso tudo, tome consciência desses medos e necessidades, não é da noite pro dia que mudamos e simplesmente, deixamos de lado tudo isso. Se libertar desses medos requer treino, prática e entendimento.

Entendimento que a coragem caminha lado a lado com a vulnerabilidade. Entendimento que o medo uma hora ou outra vai existir. Mas que é importante aprendermos a agir apesar do medo da rejeição. Apesar do medo do julgamento, do medo de não agradar.

É preciso ter autocompaixão com os nossos processos, memórias e feridas inconscientes à medida que vamos trazendo-as à consciência. E, assim, conseguimos lidar e curá-las com menos peso e sofrimento.

1. Construa e alimente sua autoaceitação

Fortaleça-se a ponto de sentir-se bem sendo quem você é.

Importante! Aceitação é diferente de resignação. Não é se conformar, você pode escolher melhorar qualquer coisa em sua vida aceitando quem você é hoje e criando estratégias para ser quem você quer ser (e não quem você acredita que deveria ser).

2. Tome mais decisões

Tomar decisões também é uma prática. Quanto mais decisões toma, mais fácil ela fica. Busque sempre os resultados que te fazem feliz e que não traem a sua essência. Sinta-se cada vez mais seguro com suas escolhas e decisões, tomando-as e percebendo seus desfechos. Aprendendo com cada uma delas.

3. Conheça os seus pontos fortes

Tome consciência de tudo aquilo que você tem de bom. Você já é um ser incrível sendo exatamente como é. Se sua autoestima estiver um pouco abalada, esse exercício pode ser desafiador, mas busque nas suas conquistas, peça para pessoas amadas e incorpore todas essas qualidades. Elas te trarão mais resiliência e confiança para lidar com o medo e até mesmo com a crítica, caso ela venha.

4. Deixe ir essa necessidade de validação

Ok, isso pode parecer óbvio e não tão fácil. Mas pratique. Comece praticando com situações pequenas, que se causarem desaprovação não faça um estrago tão grande. Vá mostrando ao seu sistema que não é um bixo de 7 cabeças e que você tem diversas habilidades para lidar com essa desaprovação e seguir em frente sem minar o seu senso de valor pessoal. Repare nos seus diálogos internos quando esse medo surgir, corte-os e transforme-os em positivos o mais breve possível. Antes que eles tomem as suas emoções.

E se você arriscasse falar não para algo pequeno? E se você começasse a falar que tudo bem se você escolher algo que te faz bem mas não atinge as expectativas dos outros?

5. Espalhe coisas boas

E, por fim, sempre que se sentir julgado, com medo de não ser aceito, expresse um elogio, uma palavra de aceitação a outra pessoa que você admira. Dessa maneira você cria sentimentos positivos em você e muda a vibe para algo muito melhor e mais produtivo para você – e para o outro!

Portanto, existem diversas estratégias para lidar com essa necessidade de aprovação, o medo de ser rejeitado ou não aceito. Mas vale lembrar, mais uma vez, que tudo é um processo, que exige prática até que se torne mais natural.
Além disso, todos nós somos humanos e queremos, sim, ser parte de algo, ser aceito por sermos quem somos. Tá tudo bem querer reconhecimento, desde que o seu senso de valor, de merecimento e capacidade não dependam disso para se manterem fortes aí dentro de você.

E acredite, quando liberamos essa necessidade de ser aceito pelo outro, saímos do lugar do medo, e nos aceitamos verdadeiramente, é aí que começamos a atrair pessoas que cada vez mais nos presenteiam com palavras e gestos de aceitação também.

Bora colocar em prática?

Por: Érika Rossi

Imagem de capa: Fabio Scaletta no Pexels





Érika Rossi é terapeuta ThetaHealer (com 4 certificações pelo THInK®), coach de liberdade emocional, certificada em Psicologia Positiva. Ajuda pessoas a despertarem o seu poder pessoal desbloqueando emoções e tudo aquilo que as impede de viver uma vida mais feliz. Formada em Farmácia-Bioquímica pela USP e experiência acadêmica na Aarhus Universitet (Dinamarca), trabalhou em 2 das maiores multinacionais farmacêuticas e hoje faz da sua paixão de ajudar e inspirar pessoas o seu trabalho atual. Acredita que a consciência e harmonia interna a nível mental, emocional, física e espiritual são capazes de gerar grandes trasnformações internas e nos permite realizar os nossos maiores sonhos.