Durante mais de 30 anos, Jussara Maria da Silva procurou incansavelmente por seu filho, até que recebeu a notícia de que ele estava vivo e a procurava.
Nascida em uma aldeia indígena em Pernambuco, Jussara teve uma infância difícil. Seu pai cumpria pena por homicídio e era violento, espancando sua mãe e os filhos. Além disso, ela foi abusada sexualmente por tios e homens das casas onde ficava.
Aos 11 anos, Jussara sonhava em ter uma casa e sua própria família, e conheceu um rapaz de 20 anos. Desse modo, ela conta que se apaixonou e foi morar com ele e a mãe, mas acabou engravidando e sendo rejeitada pelo namorado.
“Acabei engravidando do meu namorado e ele começou a me rejeitar. Quando ele apareceu com uma namorada da idade dele, foi um susto, não sabia como reagir ou o que fazer”
Foi então que conheceu sua patroa, uma médica que se mudaria para São Paulo para fazer doutorado, que a convidou para se mudar com ela.
Dessa forma, Jussara tomou a decisão de se mudar para São Paulo com apenas três vestidos e sem saber o que esperar. Ela passou os anos seguintes procurando por seu filho e trabalhando como cozinheira para se sustentar.
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Em São Paulo
Ao se mudar para São Paulo, Jussara passou por uma experiência traumática ao ser forçada a entregar seu bebê recém-nascido à adoção.
“Quando minha barriga começou a crescer, ela me disse que eu tinha de entregar meu bebê à adoção, que não tinha condições de criar. Chorei muito, disse que não queria, que não ia fazer aquilo”
No entanto, a patroa a colocava para dormir embaixo da mesa da cozinha em um apartamento pequeno na Vila Mariana, zona sul de São Paulo. Mesmo com a promessa de que poderia ver seu filho de vez em quando, ela nunca mais o viu.
“Dias depois, uma vizinha da minha patroa me disse que ela tinha vendido meu filho para esse casal [a venda nunca foi comprovada, mas essa fala abalou Jussara]. Foi quando tentei me matar. Minha patroa me encontrou desacordada e conseguiu me levar a tempo para um hospital. Sobrevivi, mas fugi da casa dela.”
Após anos, ela havia se tornado uma mulher forte e determinada. Desse modo, decidiu voltar a estudar e lutar por seus sonhos. Ela aprendeu a ler e escrever, melhorou sua dicção.
Dessa forma, conseguiu um emprego como recepcionista, permitindo que ela pagasse o aluguel de uma casinha para morar com seus dois filhos.
Mesmo com sua vida melhorando, ela nunca deixou de pensar em seu filho perdido e seus filhos a apoiaram na busca por ele na internet. Depois de anos de busca, ela finalmente descobriu que sua família adotiva era francesa e morava em Paris.
Contudo, Jussara não perdeu a esperança e contatou o Consulado Brasileiro na França, que a ajudou a encontrar a família adotiva de seu filho.
O reencontro
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Jussara estava prestes a comemorar seu 42º aniversário quando teve uma visão com o rapaz que mudaria sua vida.
Em uma noite olhando para o céu, ela viu um rapaz muito bonito e parecido com ela, usando terno e gravata. No dia seguinte, durante a comemoração de seu aniversário, Jussara recebeu uma ligação de Ana, do Ministério Público de Brasília.
‘Você não é a Jussara, mãe do Bruno, que foi adotado há 30 anos? Estou te ligando para dizer que ele está te procurando”, disse Ana na ligação.
O coração de Jussara disparou. Ela descobriu que Bruno havia estado procurando por ela desde que completou 18 anos.
Desse modo, o rapaz havia visitado o Brasil duas vezes com a certidão de nascimento entregue pelos pais adotivos. Apesar de registrado com o nome de Basile na França, Bruno era seu filho desaparecido há 30 anos.
Portanto, em abril de 2016, eles tiveram sua primeira chamada de vídeo, mesmo com a dificuldade da língua, a emoção era visível.
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Jussara conta que pediu perdão e disse o quanto amava Bruno. Contudo, ele conseguiu acalmá-la e disse que não sentia raiva, e que entendia que ela fez o que era melhor para ele na época.
Em junho do mesmo ano, o reencontro aconteceu em um hotel em São Paulo. Quando Jussara viu Bruno, seu coração parecia que ia saltar do peito.
Eles se abraçaram e se emocionaram muito. Em 2017, Jussara visitou Bruno na Suíça, onde ele morava. Dessa maneira, ele a levou para conhecer a Itália, Mônaco e França.
“Hoje posso curtir sem sentir remorso ou culpa meus filhos, Diogo e Jordan, e minha netinha Lívia, filha do meu caçula. Agora estou começando a rascunhar a história da minha vida, com todos os detalhes, quem sabe para deixar registrado tudo o que aconteceu em um livro. Sou a prova de que o amor é a força mais poderosa do Universo. É ele quem alimenta a esperança de dias melhores.”
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Imagem de Capa: Instagram Jussara Maria
