Desculpe-me, mas não sou capaz de viver sem carinho e afeto

Evidentemente a sobrevivência do nosso corpo depende de diversos fatores. O alimento é uma delas e nele a mais variada gama de elementos que compõem nosso organismo. Mas não vivemos só da alimentação porque nosso corpo não é inabitado. Sim, dentro dele está a nossa alma. E qual o alimento da alma?

É na alma que se encontra nosso estado de vida.

Nela que reside nossa felicidade que está diretamente ligada à saúde do nosso corpo. E, por isso, pequenos gestos podem ter a simplicidade do divino e abrilhantar nosso estado de espírito alimentando a alma.

O carinho fraternal do toque é uma delas. Às vezes, mesmo sendo sutil pode nos aliviar o peso de um dia a dia complicado. Como quando alguém segura nossa mão e a alisa vagarosamente com o dedo, pode ser no meio de uma conversa ou assistindo a um filme. É tão simples, mas nos causa uma sensação infinitamente desproporcional de paz, e a gente se sente seguro.

Um abraço apertado também vale ouro.

Em um momento de dor, ou na comemoração da vitória, e até em um reencontro acidental pela rua. Pode até dar aquela vontade de deitar a cabeça no ombro da outra pessoa e não desgrudar mais, tamanho o aconchego. Mas não é nem o do corpo. É o do afeto. Porque um abraço de urso diz muito sobre o quanto gostamos uns dos outros. Ele é o “eu te amo” que a gente diz com os braços.

É bem significativo quando, alguém tomado por afeto, segura o nosso rosto para nos dar um beijo. Esse suave segurar implica em não deixar escapar do amor. É muito mais que simples beijinhos de cumprimento. É prova de carinho, de gratidão. É dizer, eu preciso de você na minha vida.

E ser importante para alguém que estimamos faz um bem danado ao nosso coração.

Agora, para um cafuné, a gente joga a toalha. Não há carinho mais paralisador do que uma coçadinha na nossa cabeça. A gente fica estático. A única coisa que se mexe são nossos olhinhos se contorcendo de satisfação dentro das pálpebras devidamente fechadas pela satisfação. Por isso, não segure seus ímpetos de amor. Seja carinhoso. Abrace, beije, faça cafuné em quem você ama. Mas não se esqueça que também existem formas de carinho que não necessitam do toque.

Querer saber se você chegou bem em casa é um carinho que não podemos ver. Quando alguém diz “se cuida” ao se despedir, está apenas confirmando o quanto você lhe é importante. É um eu te amo disfarçado. Receber uma mensagem dizendo “Como foi?”, demostra muito mais do que curiosidade, é uma forma de comunicar que estão juntos da gente, torcendo por nosso sucesso. “Você está melhor?” também é uma declaração de importância.

Grande gesto de afeto é dar atenção.

Mas uma atenção sincera e compenetrada. É um carinho no coração saber que alguém nos escuta de verdade, porque isso demonstra importância e aumenta nossa autoestima.

Lembranças também significam carinho. Por isso brota um sorriso enorme no nosso rosto quando alguém volta de viagem com um embrulho na mão e nos diz: “Lembrei de você.” Ou quando alguém não esquece seu prato preferido ou aquela história que você contou anos atrás. Até mesmo quando alguém te lembra de um compromisso ou qualquer coisa que você não deveria ter esquecido.

São todos gestos sutis que nos enchem o coração de alegria. Que nos fazem sentir amados e rodeados de pessoas que realmente desejam o nosso bem. Afeto nos enche de autoconfiança e faz a vida mais fácil. Nos deixa em paz. Por isso, seja grato a essas pessoas que lhe causam essas sensações e, mais do que isso, siga o exemplo delas, porque o mundo já está cheio demais de pessoas que se importam apenas com elas mesmas.

Por: Luciano Cazz

Imagem de capa: Reprodução 





Ator e escritor. Autor do livro "A tempestade depois do arco-íris"e do blog Inspirando Luz.