
Nos Estados Unidos, a Califórnia acaba de dar um passo importante na defesa dos direitos dos animais. O governador Gavin Newsom sancionou uma nova lei que proíbe a retirada das garras dos gatos, um procedimento conhecido como declawing, considerado por especialistas como cruel e desnecessário.
A medida, assinada nesta quinta-feira (9), torna a Califórnia o segundo estado americano a proibir oficialmente a prática, seguindo o exemplo de Nova York, que já havia implementado a proibição em 2019.
O que a nova lei determina
A Assembly Bill 867, proposta pelo deputado estadual Alex Lee (D-San José), impede veterinários de realizarem a retirada das garras, exceto em casos estritamente médicos. De acordo com a lei, declawing só poderá ser realizado se houver necessidade clínica comprovada, como infecções ou condições que comprometam a saúde do animal.
Portanto, não será permitido a remoção das garras dos gatos para evitar arranhões ou proteger móveis, uma justificativa comum usada por alguns tutores.
“Muitos países já consideram essa prática inaceitável. É uma mutilação cruel feita apenas para conveniência humana”, afirmou Lee em comunicado.
Por que o declawing é tão criticado?
Esse procedimento, embora pareça algo simples, é extremamente invasivo. A retirada das garras envolve amputar a primeira falange de cada dedo, o que equivale a cortar parte dos dedos de um humano até a primeira junta.
Na recuperação, os gatos sofrem com uma dor intensa, podendo até sofrer com dor crônica, dificuldade para andar e alterações de comportamento. Segundo a Mars Veterinary Health, a prática pode levar a problemas emocionais e físicos duradouros.
“Arranhar é um comportamento natural e essencial para os felinos”, destaca a organização. “Retirar as garras não apenas causa dor, como interfere no bem-estar e na expressão natural do animal.”
Veterinários divididos
Contudo, a Associação Médica Veterinária da Califórnia (CVMA) se posicionou contra o projeto, alegando que ele limita a autonomia dos profissionais. Segundo o diretor de assuntos regulatórios, Grant Miller, cerca de 80% dos veterinários já haviam deixado de realizar o procedimento voluntariamente.
Miller argumenta que, em alguns casos específicos, a retirada das garras pode proteger pessoas com imunidade comprometida, como pacientes em tratamento de quimioterapia ou que fazem uso de anticoagulantes.
Mesmo assim, a nova lei permite exceções apenas quando o declawing for essencial para a saúde do gato, e não por conveniência humana.
Cidades pioneiras e avanços pelo mundo
Antes mesmo da nova legislação estadual, diversas cidades da Califórnia já haviam proibido o procedimento, entre elas Los Angeles, San Francisco, Berkeley, Santa Mônica e Beverly Hills.
West Hollywood foi pioneira, tornando-se em 2003 a primeira jurisdição dos Estados Unidos a banir oficialmente a prática.
Fora do país, dezenas de nações, incluindo Reino Unido, Alemanha e Austrália, já consideram o declawing ilegal há anos, reforçando a tendência global de respeito aos direitos dos animais.
Um futuro com mais empatia
Para o autor da lei, a meta é clara: reduzir o número de gatos com suas garras retiradas na Califórnia a zero. Ele ressalta que existem diversas alternativas seguras para evitar arranhões, como corte regular das unhas, arranhadores e adestramento positivo.
“Podemos aparar as unhas dos gatos, assim como fazemos com as nossas”, disse Lee. “Existem muitas opções — mas amputar não deve ser uma delas.”
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