
Sair da piscina com os olhos ardendo e vermelhos é uma cena familiar para muitas pessoas. A explicação automática costuma apontar para o “excesso de cloro”. No entanto, a verdade científica é mais inesperada — e bem mais preocupante.
A vermelhidão ocular após nadar nem sempre se deve ao cloro em si, mas aparece porque o cloro reage com suor, urina e outros resíduos humanos, formando compostos que irritam os olhos e até o trato respiratório.
Uma pesquisa realizada pela Purdue University, nos EUA, demonstrou que quando o cloro reage com suor, urina ou aminoácidos provenientes de banhistas, surgem subprodutos voláteis de descontaminação chamados disinfection by-products (DBPs) — entre eles Trichloramine (NCl₃), que pode irritar olhos, pele e sistema respiratório.
Outro estudo mostra que os contaminantes humanos (como suor e urina) são precursores da formação desses subprodutos e que a higiene pré-mergulho pode reduzir significativamente essa carga.
Desta forma, o cloro está fazendo o trabalho de “combinar” com restos humanos – suor, urina, cosméticos – e isso gera compostos irritantes para os olhos. Isso explica por que ambientes bem “clorados” ainda causam ardor.
Por que a vermelhidão aparece?
Quando você entra na água, seu corpo já carrega suor, resíduos de pele, até pequenas quantidades de urina ou cosméticos. O cloro livre, responsável pela desinfeção, reage com essas substâncias orgânicas:
• Ureia, aminoácidos e outros compostos presentes em suor/urina são transformados em cloraminas, trihalometanos e outras DBPs.
• A trichloramine (NCl₃) permanece no ar acima da piscina ou dissolve-se na água, causando ardor nos olhos, vermelhidão, sensação de irritação.
• Mesmo se o nível de cloro livre for “adequado”, a presença de muitos resíduos orgânicos eleva a carga de subprodutos e baixa a eficácia da desinfeção — e é isso que irrita.
A investigação com usuários que não tomaram banho antes de entrar na piscina revelou que a concentração de carbono orgânico total (TOC), assim como a carga de subprodutos de cloração, subiu muito mais alto do que em banhistas que se higienizaram antes.
Em ambientes internos, foi constatado que banhistas relataram irritação nos olhos e trato respiratório justamente em piscinas onde a formação de subprodutos era maior.
Por que a culpa não é (somente) do cloro
O cloro em níveis controlados é essencial para manter a água segura. O problema é que quanto mais resíduos orgânicos (urina, suor, cosméticos) no corpo e na água, mais formação de agentes irritantes há — mesmo com os níveis de cloro dentro do padrão.
Por isso, piscinas aparentemente “bem tratadas” ainda podem causar olhos vermelhos — a água “bem tratada” não significa ausência de subprodutos orgânicos.
Dicas para evitar a vermelhidão e manter os olhos seguros
1. Tome uma ducha rápida antes de nadar — isso remove suor, resíduos de pele e reduz significativamente a contaminação orgânica da água.
2. Evite urinar ou permitir que resíduos corporais entrem na piscina — além de rude, isso piora a química da água.
3. Verifique se a piscina tem boa ventilação (em ambiente coberto) — a trichloramina e outros subprodutos se acumulam no ar e podem irritar os olhos.
4. Use óculos de proteção aquáticos se seus olhos são sensíveis — cria uma barreira física contra a irritação.
5. Após sair da piscina, enxágue os olhos ou lave o rosto com água limpa para remover possíveis agentes irritantes.
Então, da próxima vez que sair da piscina com os olhos ardendo e vermelhos, saiba: não é o “cloro puro” o vilão, mas aquilo que o cloro encontra pelo caminho que irritam você.
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