
Muitas pessoas possuem o péssimo hábito de interromper alguém no meio de uma conversa. No entanto, a psicologia alerta: esse comportamento revela muito mais do que apenas impulsividade — ele pode estar ligado ao funcionamento do cérebro, ao nível de ansiedade e até ao desejo de conexão emocional.
Portanto, neste artigo, iremos compartilhar as principais causas desse péssimo hábito e o impacto disso nas relações pessoais e profissionais.
Interrupção nem sempre é falta de educação
É comum julgar quem interrompe como rude ou egocêntrico. Contudo, a ciência mostra que, em muitos casos, isso não é intencional. De acordo com a neuropsicologia, durante uma conversa, nosso cérebro processa a fala do outro e já começa a formular respostas ao mesmo tempo.
Esse mecanismo é automático e pode levar a falas sobrepostas — especialmente em pessoas mais ansiosas ou com dificuldade de concentração.
“O cérebro age rápido para preservar ideias que considera importantes, mesmo que isso implique interromper alguém”, explicam neurocientistas do Instituto de Psicologia Cognitiva.
Memória de trabalho: o gatilho silencioso
A chamada memória de trabalho — uma espécie de bloco de anotações temporário do cérebro — tem papel central nesse comportamento. Quando uma ideia surge durante uma conversa, a mente teme esquecê-la.
Para evitar isso, a pessoa interrompe rapidamente para expressar o pensamento antes que ele desapareça.
Esse impulso pode se intensificar em situações como:
- Ambientes de alta pressão (reuniões, debates, discussões em família)
- Temas emocionalmente carregados
- Situações sociais com muitas vozes disputando atenção
- Interromper pode ser um reflexo emocional
Em muitos casos, a interrupção não nasce da arrogância, mas do desejo genuíno de compartilhar experiências ou mostrar empatia.
Você provavelmente já interrompeu alguém para contar uma história parecida, tentando mostrar que entende o que o outro sente. Isso pode ser uma tentativa sincera de criar conexão. Porém, se feito com frequência, o efeito pode ser o oposto: as pessoas se sentem invalidadas ou ignoradas.
Os prejuízos sociais de interromper demais
Mesmo que a intenção não seja negativa, interromper constantemente prejudica os vínculos interpessoais. Ao não ser ouvido com atenção pode gerar:
- Frustração
- Sensação de invisibilidade
- Distanciamento emocional
No ambiente de trabalho, as consequências podem ser ainda mais sérias. Interromper colegas ou superiores durante reuniões pode ser visto como falta de profissionalismo, ego inflado ou dificuldade de trabalho em equipe. Dessa maneira, impactando na reputação e pode fechar portas.
Como lidar com esse hábito?
No entanto, esse tipo de comportamento pode ser ajustado com consciência e prática. Aqui estão algumas estratégias indicadas por psicólogos:
Pratique escuta ativa: mantenha o foco na fala do outro sem planejar sua resposta enquanto ele fala.
- Espere 2 segundos antes de responder: esse pequeno intervalo ajuda o cérebro a processar melhor e reduz o impulso de interromper.
- Faça anotações mentais ou reais: se tem medo de esquecer o que quer dizer, anote discretamente.
- Valide a fala do outro antes de entrar com a sua: isso demonstra respeito e interesse genuíno.
Interromper não é sempre um sinal de grosseria. Pode revelar ansiedade, insegurança, dificuldades cognitivas ou até um desejo profundo de conexão. Entretanto, entender o que está por trás do comportamento é o primeiro passo para transformá-lo.
Aprender a escutar pode ser mais poderoso do que ter a última palavra. No fim, boas conversas são feitas tanto de palavras quanto de silêncios respeitosos.
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