Uma vez fui comprar detergente na mercearia perto de casa, ficava umas duas quadras de onde morávamos e era por volta das 19:00 horas, anoitecendo. Peguei o dinheiro com minha mãe e fui de bermuda, chinelo, sem camisa. Fui na prateleira, peguei o detergente que usávamos em casa, levei no balcão, paguei e voltei para casa.
No meio do caminho comecei a sentir uma ardência no meu pé direito, olho para baixo e não enxergo muita coisa, continuo indo para casa. Chegando em casa, agora melhor iluminado, olho novamente para baixo e me desespero, meu pé está ensanguentado. Na hora não entendi direito como aquilo aconteceu. Fiquei tão apavorado que entrei em casa aos prantos. Minha mãe e minha irmã virão aquela cena, assustadas com a situação só sabiam me perguntar o que aconteceu, mas como eu também não sabia, só sabia chorar.
“Minha mãe lavou, fez curativo e disse: – Você tem uma boa cicatrização.”
Corri para o banheiro. Lavamos meu pé. Percebemos que foi um corte, não muito profundo, mas consideravelmente um corte que daria para dar uns dois pontos. Não fomos ao médico. Minha mãe lavou, fez curativo e disse: – Você tem uma boa cicatrização.
Uma vez inventei de apostar corrida na roça, sem camisa, de bermuda e botina. Fazia um belo dia ensolarado, sem nuvens, um dia muito quente por sinal. Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três, já! E lá vai o flash! No meio do caminho algo pingou em meu nariz, pingou novamente, passei a mão em meu rosto, coloco minha mão em meu campo de visão e grito. MÃE! Volto para casa mais rápido que o flash, com a cara ensanguentada, aos prantos. Minha mãe sem saber o que aconteceu, me pergunta o que houve, mas como eu também não sabia, só chorava. Fui para debaixo do chuveiro, lavamos minha cabeça, passou a adrenalina e me toquei no que tinha acontecido. Esqueci que tinha um arame farpado a caminho da roça, como passei correndo, não o vi e ele cortou minha cabeça. Uma belo corte por sinal, talvez desse uns 4 pontos, mas não fomos ao médico. Minha mãe lavou, fez curativo e disse:
– Você tem uma boa cicatrização.
– Você é forte!
– Você vai conseguir!
– Engole esse choro!
– Nove não é dez!
Meu primeiro relacionamento foi aos 19. Se tem uma palavra que define este meu primeiro relacionamento é intensidade. Casei. Durou quatro meses. Voltei pra casa machucado. Gritei, MÃE! E ela disse: Isto vai passar, isto vai cicatrizar, você tem uma boa cicatrização.
No segundo relacionamento, terceiro e quarto eu também tive que ser forte, afinal de contas, eu sempre ouvi que eu tinha uma boa cicatrização.
Hoje no espelho reflete um colecionador de cicatrizes, um pouco quebrado, remendado, colado, mas cicatrizado, afinal de contas, é como minha mãe sempre dizia. Eu tenho uma boa cicatrização.
Por: Deni Iuri
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