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Escola critica lanche de criança celíaca sugerindo que ela fique sem comer para não despertar vontade em colegas

Uma criança de 9 anos que estuda em período integral em uma escola da rede pública de Araucária, Curitiba, Paraná, tem enfrentado dificuldades na alimentação escolar desde o seu diagnóstico de doença celíaca, condição que impede a ingestão de alimentos que contenham glúten.

A mãe da criança, Tayrine Novak, de 33 anos, revelou nas redes sociais a batalha para garantir que a filha Thaylla, de 9 anos, tenha acesso à dieta adequada na escola.

A unidade de ensino oferece aos alunos um cardápio específico para celíacos, conforme determina a legislação, mas, segundo a mãe, em abril do ano passado, foram encontradas alterações nos resultados dos exames da menina, apontando a possibilidade de contaminação cruzada.

Desta forma, foi descoberto a possibilidade de erro na manipulação dos alimentos, permitindo que traços de glúten ficassem presentes na comida, o que pode agravar o estado de saúde de quem convive com a doença celíaca.

Desta forma, apresentando um laudo médico, a mãe combinou com a escola que a filha levaria as refeições preparadas em casa.

Entretanto, em setembro, o Conselho de Alimentação Escolar acionou o Ministério Público do Paraná contra Tayrine, argumentando que a mesma não enviava alimentação de acordo com o cardápio da escola.

Durante uma reunião mediada pelo Ministério Público, a promotora de Justiça recomendou que o diálogo entre as partes envolvidas priorizasse a saúde da criança. Além disso, ficou decidido que a escola deveria enviar semanalmente, às sextas-feiras, o cardápio da semana seguinte por e-mail, para que a mãe pudesse se planejar diante das restrições alimentares da filha.

Em outubro, Tayrine Novak, mãe da estudante, formalizou uma queixa na Secretaria Municipal de Educação de Araucária (Semed), alegando que a escola não estava cumprindo a determinação de encaminhar o cardápio antecipadamente.

Polêmica sobre bolo de cenoura com chocolate

No início deste mês, uma situação envolvendo um pedaço de bolo de cenoura com cobertura de chocolate reacendeu a discussão. Uma outra mãe reclamou à escola, via mensagem, que a menina havia levado o bolo e o filho teria ficado com vontade. A direção orientou que a reclamação fosse registrada na Ouvidoria da Semed.

Sem maiores explicações, Tayrine foi convocada via WhatsApp para uma reunião no dia 7 de abril. Sozinha, ela se deparou com seis representantes da Secretaria de Educação, incluindo diretora, vice-diretora, nutricionista e o chefe de gabinete, Eduardo Schamme.

Durante o encontro, a cobertura do bolo foi questionada por supostamente não seguir o cardápio oficial da escola. Tayrine explicou que adaptou a receita utilizando calda de cacau, considerando as limitações financeiras da família e para facilitar o consumo do alimento pela filha.

Segundo Schamme, a mãe estaria desrespeitando a legislação alimentar escolar: “A lei é clara, o alimento precisa ser semelhante ao da escola”. Tayrine respondeu que segue a legislação federal, que permite alimentos caseiros não industrializados, desde que adequados à dieta do celíaco.

Uma sugestão feita por um dos participantes foi que a criança não almoçasse na escola, caso a mãe não pudesse seguir o cardápio proposto. A reunião durou cerca de uma hora e foi gravada por Tayrine, que publicou trechos em suas redes sociais.

“Me senti oprimida e vulnerável. Seis pessoas contra e só eu defendendo a minha filha. Eles não escutam quando falo sobre a doença dela ou as nossas dificuldades. Não consideram nem o lado psicológico e financeiro da família”, desabafou Tayrine.

Ela completou: “O sentimento é de revolta. Lutamos apenas por igualdade e inclusão alimentar. Não é justo sugerirem que minha filha almoce sozinha em outra sala.”

Desafios diários da alimentação sem glúten

Tayrine destacou os altos custos dos alimentos sem glúten como uma das maiores dificuldades para famílias com pessoas celíacas. “Enquanto um pão comum pode ser comprado por R$ 3,50, um pão sem glúten custa de R$ 28,00 a R$ 36,00 — e ainda vem com metade da quantidade”.

Ela reforça a necessidade de empatia: “Não é uma escolha de dieta. O celíaco precisa evitar o glúten para manter a saúde e evitar complicações graves. Precisamos de leis mais rígidas e de compreensão. Qual mãe não quer ver o filho saudável?”

Posicionamento da Prefeitura de Araucária

Em nota, a Prefeitura informou que a rede municipal atende mais de 18 mil alunos, dos quais 14 têm diagnóstico de doença celíaca. Para atender às restrições alimentares, são oferecidos 46 cardápios diferentes, todos elaborados por nutricionistas.

Durante a reunião com Tayrine, segundo o município, foram sugeridas várias alternativas: alimentação com os itens do cardápio especial da escola, fornecimento de ingredientes pela família, ou envio de comida de casa.

Também foi proposto que, caso não fosse possível seguir essas opções, a criança fizesse as refeições em local separado, visando evitar desconfortos sociais com colegas que não têm restrições.

A Prefeitura ainda alegou que, em vez de buscar um entendimento, a mãe publicou trechos da reunião nas redes sociais. Foi anunciada a abertura de uma sindicância para apurar possível contaminação cruzada, além de campanhas de conscientização sobre alimentação, inclusão e respeito às diferenças.

O que é Doença Celíaca?

A doença celíaca é uma condição autoimune que provoca reações inflamatórias ao consumo de glúten — presente no trigo, cevada, centeio e derivados. A ingestão dessa proteína pode causar sérios danos à mucosa intestinal e comprometer a absorção de nutrientes.

Entre os sintomas estão diarreia, dor abdominal, constipação, perda de peso e até ausência de sintomas em alguns casos. Complicações incluem anemia, osteoporose, atraso no crescimento e, em situações extremas, risco de morte.

O diagnóstico da doença é feito por histórico clínico, exames de sangue e endoscopia. O único tratamento é a adesão rigorosa a uma dieta sem glúten.

Imagem de Capa: Reprodução Instagram Tayrine Novak

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