Reflexão

A exaustão emocional é bem pior do que o cansaço físico

A vida nunca foi fácil, mas parece que, ultimamente, as coisas pioraram bastante. Existem mais pessoas, mais lugares, mais histórias tendo que conviver juntas, mas as relações compassadamente se fragilizam. Há mais estresse, mais horas de trabalho e isso tudo acaba exaurindo as energias de qualquer um.

A vida moderna nos obriga a passar grande parte de nosso tempo trabalhando.

Sob a ótica vigente, de que quanto mais se consome mais gente se é, torna-se necessário um consumismo desenfreado, para que nos vejam como alguém que existe de fato. Junto com o consumismo, caminha a valorização das aparências, da ostentação de grifes, tanquinhos e dentes brancos. E haja dinheiro para poder lapidar o corpo, à imagem e semelhança do estereótipo midiático da perfeição.

Passamos a nos preocupar tanto com o que está lá fora, que acabamos nos esquecendo de ouvir o ritmo de nossa alma, de nosso coração. A busca frenética pelo exterior de contos de fadas nos torna descuidados com os sentimentos, com a essência, com tudo o que realmente vale a pena. Temos que ser bonitos, magros, felizes e ter um salário pomposo. Temos que engolir o choro, pois fraqueza é feio.

Temos que ser fortes o tempo todo, mas isso é impossível, ou seja, sofremos todos. Em silêncio.

É preciso, portanto, parar, demorar-se, ouvir o silêncio, pois é assim que conseguimos prestar atenção em nós mesmos. É preciso estar atento aos sinais que nosso corpo manda, às vezes de forma bem discreta, para que o volume das pendências emocionais não cresça e sufoque nossa força, nossas esperanças, nossa fé. É preciso prestar atenção nas dores do corpo, sim, mas sem negligenciar as dores de nossa alma.

A exaustão emocional é mais massacrante do que o cansaço físico, porque, na maioria das vezes, temos vergonha de admitir que não vamos dar conta, que não estamos aguentando, que estamos fracos. Muitas vezes, a gente tem vergonha de chorar. Mas não deveríamos, não poderíamos. Como se vê, é mais fácil repousar um corpo dolorido do que acalmar uma alma exausta.

Por: Prof. Marcel Camargo

Prof. Marcel Camargo

Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família.

Recent Posts

Casal homossexual denuncia loja que se recusou a fazer convite de casamento: “Princípios cristãos”

O produtor Henrique Nascimento denunciou uma papelaria localizada no interior de São Paulo que afirmou…

7 horas ago

20 Anos de “De Repente 30”: 15 curiosidades sobre o filme e veja como está a atriz hoje – igual à sua versão de 30 anos!

"De Repente 30" completa duas décadas desde seu lançamento em 2004, mas sua influência e…

8 horas ago

Criador de “Bebê Rena” faz apelo aos fãs para pararem de especular sobre personagens da série

A nova minissérie da Netflix, "Bebê Rena" tem conquistado um grande público desde sua estreia.…

8 horas ago

Pesquisadores se surpreendem ao descobrir qual formato de corpo masculino as mulheres consideram mais atraente

Se você é um homem com uma parceira e tem um corpo longe do visto…

9 horas ago

Mulher compartilha “truque” que garante ‘maior chance de retorno de chamada’ ao se candidatar a empregos

Acho que todos podemos concordar que a procura de emprego pode ser uma experiência um…

10 horas ago

Essa ilusão de ótica revela em 5 segundos o que está atrapalhando sua vida amorosa

O amor é um dos sentimentos mais complexos e nobres que experimentamos. No entanto, diversos…

10 horas ago