Para algumas pessoas, dormir com ruídos de fundo — como o som de um ventilador, o barulho suave da televisão ou músicas calmas — é uma prática quase que inegociável.
Sem esse “barulhinho”, pode existir uma grande dificuldade para dormir, e embora pareça um simples hábito, essa busca por sons contínuos revela um intricado funcionamento psíquico de autoproteção emocional.
Do ponto de vista da psicologia e da psicanálise, o silêncio absoluto pode ser um terreno fértil para a manifestação de pensamentos intrusivos, lembranças dolorosas e sensações de vulnerabilidade, especialmente para quem vivenciou experiências traumáticas ou que convivem com níveis elevados de ansiedade.
Quando a mente não encontra estímulos externos, ela tende a se voltar para dentro, permitindo que conteúdos reprimidos — muitas vezes ligados ao trauma — emergem à consciência.
Nessas circunstâncias, o cérebro reage tentando restaurar o equilíbrio psíquico, e o som contínuo atua como uma espécie de “máscara emocional”, reduzindo o impacto dessas recordações e gerando uma sensação de segurança.
Psicólogos clínicos apontam que o uso de sons repetitivos pode ser compreendido como uma forma inconsciente de mecanismo de defesa, semelhante à evitação.
Desta forma, o ruído externo serve para “preencher o vazio” deixado pelo silêncio, o que impede que o indivíduo entre em contato direto com emoções intensas ou desconfortáveis.
Esse tipo de comportamento está relacionado à busca por previsibilidade e controle, duas necessidades frequentemente afetadas em quem passou por situações traumáticas, onde o imprevisível e o medo foram predominantes.
Além disso, sons constantes e familiares, como o de um ventilador ou de uma música relaxante, ativam o sistema nervoso parassimpático, que é responsável por promover o relaxamento corporal e mental. Isso explica por que muitas pessoas conseguem adormecer com mais facilidade quando há um ruído de fundo contínuo.
É importante destacar que a necessidade de som ambiente não é necessariamente um sinal clínico de trauma. Cada pessoa possui estruturas psíquicas únicas, moldadas por fatores biológicos, sociais e emocionais. Enquanto para alguns o silêncio é reconfortante, para outros ele pode representar uma ameaça simbólica, despertando angústia e inquietação.
Compreender essa relação entre trauma e ruídos de fundo é um passo importante para o autoconhecimento. Reconhecer que o corpo e a mente utilizam estratégias sutis para se proteger é fundamental para promover um cuidado psicológico mais compassivo e realista.
No entanto, apenas um acompanhamento terapêutico profissional pode avaliar se o uso constante de ruídos está ligado a um quadro de ansiedade, trauma ou apenas a uma preferência sensorial.
Imagem de Capa: Canva
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