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Remédios “contra vermes” comuns podem ser uma possível arma contra o câncer, apontam estudos

Nos últimos anos, cientistas em todo o mundo têm investigado uma hipótese intrigante: os medicamentos antiparasitários podem realmente ajudar a combater o câncer?

Embora originalmente desenvolvidos para eliminar vermes e protozoários, vários desses compostos vêm mostrando atividade antitumoral em testes laboratoriais e estudos pré-clínicos.

A possibilidade de reaproveitar fármacos já conhecidos (processo chamado drug repurposing) representa uma das áreas mais promissoras da oncologia experimental moderna. Os resultados ainda são experimentais, mas mostram potencial promissor – especialmente para tumores resistentes a tratamentos convencionais.

Como funcionam os antiparasitários no contexto do câncer

Pesquisas indicam que certos medicamentos antiparasitários podem interferir em processos essenciais para a sobrevivência das células tumorais. Muitos desses compostos atuam sobre a tubulina, uma proteína que participa da divisão celular. Ao inibir sua formação, essas drogas dificultam a multiplicação das células cancerígenas, levando-as à morte programada (apoptose).

Além disso, alguns estudos sugerem que esses fármacos podem bloquear vias metabólicas usadas pelos tumores para crescer, alterar o microambiente tumoral e até estimular o sistema imunológico a reconhecer e eliminar células malignas.

Principais compostos em estudo

Entre os medicamentos mais investigados para possíveis efeitos anticancerígenos, destacam-se:

• Mebendazol e Albendazol (benzimidazóis) – Tradicionalmente usados contra verminoses, demonstraram inibir o crescimento de células tumorais em estudos de laboratório e modelos animais. Uma revisão publicada na Frontiers in Oncology destacou o potencial dessas substâncias na interrupção da formação de microtúbulos e no bloqueio do metabolismo de glicose em tumores.

• Ivermectina – Conhecida por seu uso no controle de parasitoses humanas e veterinárias, este medicamento apresentou resultados promissores em estudos in vitro contra câncer de mama, próstata e glioblastoma. Pesquisadores da Johns Hopkins Medicine observaram que ela pode inibir vias como Akt/mTOR e Wnt/β-catenina, envolvidas na proliferação celular.

• Artemisinina e derivados – Utilizados contra a malária, têm sido estudados por sua capacidade de gerar radicais livres em células ricas em ferro, levando à morte seletiva de células cancerígenas. Ensaios clínicos iniciais estão em andamento em alguns centros de pesquisa na Ásia e na Europa.

Situação atual das pesquisas

Até o momento, a maior parte das evidências vem de estudos laboratoriais e experimentos com animais. Ensaios clínicos de fase inicial estão investigando o uso de mebendazol, ivermectina e artemisinina em tipos específicos de câncer, como glioblastoma, melanoma e câncer de pulmão. No entanto, a eficácia clínica em humanos ainda não foi comprovada.

Especialistas alertam que esses medicamentos não devem ser usados fora de ensaios controlados. O uso indiscriminado, sem supervisão médica, pode causar efeitos adversos graves e comprometer outros tratamentos.

Perspectivas futuras

O reaproveitamento de medicamentos antiparasitários pode representar uma nova fronteira na oncologia personalizada, especialmente por se tratar de fármacos com perfis de segurança já conhecidos. Além disso, seu baixo custo e ampla disponibilidade tornam-nos opções interessantes para futuras terapias combinadas.

Contudo, os pesquisadores enfatizam a necessidade de ensaios clínicos robustos para confirmar sua eficácia e determinar doses seguras em seres humanos. A ciência ainda está no início desse caminho, mas os resultados iniciais sugerem que esses compostos podem desempenhar um papel importante na próxima geração de tratamentos contra o câncer.

Imagem de Capa: Canva

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