Reflexão

O silêncio é a melhor forma de dizer “eu desisti de ti”

Eu importei-me demais contigo, talvez tu nunca vás conseguir entender o tanto que eu me apaixonei por ti. Eu ceguei completamente, fui inconsciente e imprudente com as minhas atitudes. Abri mão de muita coisa, estendi os meus dois braços e servi como apoio, quando a tua estrutura estava frágil. Por diversas vezes eu me prejudiquei só para te ajudar, mas nunca falhei contigo.

Sempre dei o primeiro passo e me adiantei, com surpresas, com um colo quente, com um carinho antes de dormir e, principalmente, com a minha indescritível ânsia em te fazer bem, em te oferecer tudo aquilo que eu julguei que tu merecesses ter e sentir.

Acho que eu fui demais, para alguém de menos.

Atropelei as nossas diferenças que, cedo ou tarde, eu sabia que me iriam dar um murro na cara. Dito e feito, eu apanhei e acordei para a vida…

Quando os relacionamentos começam, temos o defeito de acreditar que estamos a viver um conto de fadas. Nós nos iludimos com quase qualquer coisa. Fazemos imensos planos com alguém que nem conhecemos. Depositamos a nossa própria felicidade em alguém que nos encantou com um beijo, um abraço, um gesto ou qualquer detalhe fascinante, ao nosso ver. Somos apegados a comparações e, por isso, qualquer mínimo se torna máximo. Depositamos confiança e expectativas em alguém, praticamente, desconhecido. Apostamos em algo que, aceitando ou não, muitas vezes o coração já previu o final.

Ao longo desse tempo, eu tentei fazer-te a pessoa mais feliz do mundo. Eu ofereci-te o que estava ao meu alcance e, mesmo quando não estava, eu encontrei uma solução para o conseguir. Tu sabes, como ninguém, o quanto eu sou leal à pessoa que caminha ao meu lado. Eu brigo, sim. Mas também sei tomar as dores do outro, sei defendê-lo, sei colocar o céu como limite. Sei levar às estrelas, sei levar a ver cada pôr do sol.

Eu sou tudo o que tu nunca tinhas tido, tudo o que tu nunca tinhas conhecido. Tu me chamavas, eu corria ao teu encontro. Tu estalavas os dedos, eu aparecia em baixo do teu nariz. Não, isso a meu ver não é ser inocente ou ingénua. É amor. Quem já gostou verdadeiramente de alguém, quem já desejou muito que a sua relação desse certo, sabe que quando nós amamos alguém, nós simplesmente fazemos acontecer. E acontece. De um jeito natural, intenso e gostoso.

Mas tu, com todos os teus deslizes e fracassos, fizeste com que eu mudasse.

Aquela pessoa que tu conheceste e por quem te apaixonaste não existe mais. Ela morreu aqui dentro. E não adianta me pedires para eu voltar a ser o que eu sempre fui, acabou. Não tem mais jeito. E, sabes, a cada dia, tu me mostras que realmente nós dois não nascemos para somar. Tu só sabes subtrair, só sabes me diminuir. É triste, e bastante doloroso.

Levei muito tempo para compreender e aceitar. Chorei, no meu canto. Discuti por intermináveis vezes, expliquei o meu ponto de vista uma, duas, três vezes e além. Citei claramente o que me faltava, e continuei a ser o que, muito provavelmente, depois de algum tempo tu nem merecias mais. Consegui por diversas vezes te desculpar, e tu foste covarde em repetir os mesmos erros vezes sem conta.

“Tu estás a falar com alguém que já apanhou muito da vida (…)”

Sou incapaz de ser novamente aquele alguém que tu conheceste e por quem te apaixonaste. Muita coisa mudou para mim, para nós. Eu já não estou mais tolerante, muito menos paciente. A idade vai passando, e tudo o que eu quero, é uma pessoa que cuide de mim e me assuma. Que bata no peito, que enfrente o que for preciso por mim, que me apoie e que permaneça sempre comigo. Eu não sei lidar com imparcialidade. Eu não sou assim. Tu estás a falar com alguém que já apanhou muito da vida e das pessoas, com alguém que tem feridas incuráveis.

Talvez, hoje, tu não entendas o que é entregar-se de corpo e alma, mas eu tentei mostrar-te de todas as formas. Desenhei, fiz mímica, escrevi e quase cantei para chamar a tua atenção e te fazer perceber que eu já estava distante demais dos teus sonhos egoístas.

Tu não sabes o que é reciprocidade, e eu não vou insistir nem me desgastar tentando te mostrar. Mais tarde ou mais cedo eu tenho a certeza que a vida vai te ensinar. Mas nesse momento poderá ser tarde demais, eu já estarei fora do teu alcance.

Eu já não te encontro mais na minha prospecção de felicidade.

Não idealizo, não fantasio e não insisto. Talvez tu culpes a vida, ou a mim, por não ter dado certo. Mas eu continuo a afirmar que, quem não cuida, não merece ter. Se tu realmente quisesses que eu fizesse parte da tua vida, como tu dizes, tu farias qualquer coisa por mim. Mas não, manter-se na comodidade e na mesmice dos teus atos sempre foi e sempre será mais conveniente para ti. A única diferença, é que eu não estou mais na disposição de aceitar que tudo seja do teu jeito. As tuas palavras para mim já não têm mais valor, promessas são apenas promessas.

O meu silêncio para ti, traduz tudo o que eu insistia em reafirmar e que agora já não faz mais sentido. A partir de agora guardarei a minha saliva para o que realmente for necessário ser dito. Eu tenho aceitado, aos poucos, a ideia de ficar sem ti. Mas tu, como sempre, continuas a valorizar terceiros, estás a deixar passar tudo despercebido. Quando caíres em ti e olhares para a frente, eu já estarei bem atrás.

Como alguém que fez de tudo para se fazer notar e que agora tornou-se o teu passado.

Por: Jéssica Pellegrini

Jéssica Pellegrini

Escrevo para interligar dois universos: a realidade e a imaginação. Tento colocar no papel, de forma organizada, os pensamentos que estão desalinhados na minha mente. Escrevo porque me sinto bem, abraçada pelas letras. Escrevo por prazer e sofrimento, ao mesmo tempo, felicidade e tristeza, compondo o vazio que somente a tinta da caneta é capaz de preencher.

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