
Estabelecer limites em qualquer tipo de relação é muito importante. Você tem uma individualidade, você tem preferências, você tem vontades e, acima de tudo, você tem necessidades próprias, que muitas vezes entram em choque com as da outra pessoa. E falo isso num nível geral: nos relacionamentos familiares, no trabalho, na faculdade, na capoeira, nas relações afetivas, na sua galera do play.
Como trabalhar isso de forma que você não se anule? Porque é muito comum encontrar pessoas que tenham dificuldade em dizer não. A pessoa te conhece, conhece seus pontos fracos, vem toda sorrateira, te pede uma coisa com aquela carinha de gato do Shrek e você até não gostaria de fazer, mas não consegue simplesmente dizer que não dá, que não pode e faz, faz contrariada, faz de má vontade, faz com todo o peso de uma obrigação. Ou então, você se enche de si mesmo e diz que não, que não vai fazer, ai vem aquela maldita culpa que fica ruminando no seu estômago, sabe?! Você fica com peso na consciência o dia inteiro, a situação fica em looping na sua cabeça fritando o dia inteiro.
“(…) o fim é uma questão de tempo.”
Muitos casamentos não passam do primeiro ano exatamente por causa desses limites. Você namora há dez anos, daí casa e vai morar junto e os problemas começam a pipocar. Se você não conseguir equalizar essas fronteiras, o fim é uma questão de tempo. É necessário que você o faça o quanto antes, porque depois que a dinâmica do seu relacionamento for estabelecida, é muito mais difícil e doloroso. Conhecer o outro, se conhecer, estabelecer com clareza como você se sente diante de uma coisa que te fere, se colocar no lugar do outro é um caminho bem razoável.
O combinado não sai caro. Parece simples, mas se você não aprender a dizer não, se você não aprender o limite de ceder, você vai se tornar uma pessoa anulada, sem personalidade e, em alguns poucos anos, mal vai se reconhecer no espelho. A relação precisa necessariamente ser ganha ganha pra ser profícua. Se não a conta não fecha e o déficit vai pesar até que a pessoa não vai conseguir mais carregar aquele grilhão.
O meio do caminho entre o egoísmo e a anulação é o lugar onde as relações de verdade estão. Acredito nisso do fundo da minha alma.
Por: Lu Coutinho